Pastor Wellington Waldheim fala sobre família em entrevista
Anunciar - Ministrar sobre relacionamento familiar, hoje, é uma dádiva ou um desafio? Pr. Wellington – É uma dádiva quando a gente vive, pois é muito fácil falar e não viver. Mas, é um desafio porque a igreja está se acostumando com o esfacelamento do casamento e da família. Infelizmente, até obreiros estão se casando pela segunda vez. E como ser exemplo? Como vou pregar e ser exemplo se eu mesmo não soube administrar meu casamento? Ter um casamento de sucesso não é encontrar a pessoa certa, mas se tornar a pessoa certa. Se a pessoa busca encontrar alguém certo, no primeiro problema, já irá pensar em se separar.
Anunciar – E o pastor poderia citar quais desafios são esses que as famílias enfrentam hoje? Pr. Wellington – O primeiro desafio é a própria mídia. Ela tem sido um câncer na vida e no coração das famílias. Aquilo que ela diz que é verdadeiro as famílias estão aceitando. E a bíblia tem sido considerada retrógada na cabeça das pessoas. No entanto, a bíblia é um livro atual. Ela é a palavra de Deus. E a Escritura diz que a família tem um propósito de Deus. O segundo desafio é o mau uso da internet. A internet tem sido o maior presídio da atualidade, onde as pessoas ficam presas 24 horas nela. Ela consegue aproximar as pessoas que estão longe, mas está afastando as que estão perto. A pessoa passa tanto tempo na internet que já não dá mais atenção ao seu esposo, à sua esposa, aos seus filhos...
Anunciar - O pastor acredita que famílias fortes resultam em igrejas fortes? Pr. Wellington – Sim, porque uma vez que as famílias ficam enfraquecidas, a igreja fica fragilizada. E Satanás tem focado as famílias dentro da igreja, pois ele sabe que o mundo lá fora já está perdido mesmo. A igreja consegue explodir dentro da comunidade quando possui famílias saudáveis e fortes. Muitas pessoas vão à igreja, sentem a presença de Deus, recebem uma unção tremenda, mas, quando chegam em suas casas, a unção desaparece. Parece que a pessoa retira a máscara, a pendura atrás da porta e volta a ser quem era na verdade. Então, os filhos olham isso dizem aos pais: seria melhor que nós vivêssemos dentro da igreja, pois lá todo mundo é dócil e vocês se amam e trocam palavras de elogios. Aqui em casa é farpa para lá, farpa para cá...
Anunciar – Qual experiência mais marcante o pastor já viveu durante seu ministério até hoje? Pr. Wellington – Já tive muitas experiências, mas uma que me marcou foi a de um casal, onde a esposa era da igreja, mas o esposo não, e estávamos trabalhando pela evangelização dele. Um dia, eu ministrei sobre o perdão, quando ela veio ao meu gabinete e confessou que havia traído seu esposo. Ela queria confessar isso ao marido dela. E ela alegou que fez isso porque ele havia traído ela também. Então, eu a aconselhei dizendo que ela havia feito a coisa mais errada do mundo. Eu disse que ela deveria ter me procurado antes. Ela me disse que o pior não era isso. Para o meu espanto, ela continuou dizendo que o traiu com o irmão dele. Eu quase abri um buraco no chão e pulei dentro. Vamos ter que resolver isso, disse eu a ela. Ela disse que o traiu apenas uma vez e foi a uns seis meses atrás. O irmão dele morava com o casal, de favor, pois estava procurando um emprego. Eu ainda inexperiente, pois poderia ter tratado com cada um deles no gabinete, separadamente, fui até a casa deles para tentar resolver essa situação. Levei dois diáconos comigo e fomos lá, às 21 horas (de noite). Chegando lá, o esposo dela me recebeu. Quando eu disse que eu iria bater um papo com ele, e a esposa dele confirmou, ele levantou a voz e gritou: o que essa mulher fez? Ela começou a chorar e pedir para eu ajudá-la. Ele ficou ainda mais exaltado e começou a xingá-la, acusando que ela já havia feito algo errado e já estava se entregando. Imagine a situação. Estava ela, o esposo, duas crianças pequenas, eu e os dois diáconos. Ele pegou uma faca na gaveta e veio para cima da gente, tentando atacar a esposa. Ele gritava: com quem você me traiu? Ela nem havia dito nada ainda. Consegui retirar a faca da mão dele. Ele sentou e começou a chorar. Comecei a falar com ele e as coisas foram se acalmando. Ao invés da esposa manter a calma, já que o clima estava ficando mais agradável, ela resolveu completar dizendo: e foi com o seu irmão! Aí o negócio piorou mesmo. E naquele momento, o irmão dele entrou em casa. Então, eles foram para a rua e a coisa se pegou lá. Foi uma experiência dificílima na qual eu tive que lidar com sabedoria e equilíbrio. Foi muito difícil, mas, graças a Deus, o Senhor derramou o seu bálsamo e esse casamento foi restaurado.
Anunciar – Os problemas de relacionamento na família cristã estão mais voltados para aspectos espirituais ou materiais? Pr. Wellington – Eu acredito que o aspecto material tem influenciado muito. As pessoas tem procurado trabalhar, trabalhar e trabalhar. Tem se trabalhado tanto que os cônjuges não têm mais tempo para o lar. Às vezes, os filhos recebem tudo o que querem, menos o amor dos pais. Têm filhos que nunca ouviram de seus pais palavras como “eu te amo”. O aspecto material tem atrapalhado porque as pessoas tem se afastado do aspecto espiritual. Elas começam a se afastar de Deus. São pessoas que têm tempo para tudo, menos para o Senhor. Então, automaticamente, a família acaba sendo destruída.
Anunciar – O dinheiro, ou a falta de gestão dele, traz conflitos dentro dos lares cristãos? Se sim, porquê? Pr. Wellington – Sim e muito. As pessoas não sabem administrar o que tem. Se ganham R$ 1000,00, gastam R$ 1200,00. É a questão da ostentação. As pessoas não sabem se organizar e acabam se esquecendo de Deus. Deus é um Deus organizado e planejador. É tão planejador que Ele já planejou a nossa salvação antes mesmo da fundação do mundo. Tudo já foi planejado. Jesus Cristo não foi para a cruz por um erro de percurso. Ele foi para a cruz porque já era um decreto do Senhor para que Ele fosse o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Ou seja, Deus está no controle e Ele é organizado. E com as nossas finanças deve ser a mesma coisa. A questão da oferta à obra de Deus também é importante. Muitos gastam tanto com coisas não tão importantes, mas têm dificuldades em ofertar em favor da obra de Deus, em favor da obra missionária... A oferta voluntária também faz parte do processo de gestão. Parece que estamos mais preocupados com as bênçãos de Deus do que com o Deus das bênçãos.
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